A preocupação com a violência antes da final da Copa Libertadores da América, entre o Fluminense e o Boca Juniors, levou o embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, a gravar uma mensagem, nesta sexta-feira, dizendo que "a paixão pelo futebol que compartilham brasileiros e argentinos seja sempre motivo de união e de celebração". Bitelli considerou "profundamente lamentáveis" as cenas de violência que ocorreram, na quinta-feira, horas antes do jogo deste sábado no estádio do Maracanã.
"Esperamos que estas cenas de violência não voltem a se repetir", disse diante da imagem de Pelé beijando o cantor de tango Carlos Gardel, que ilustra a fachada da embaixada em Buenos Aires. Essa imagem, que faz parte da série 'Pelé Beijoqueiro', criada pelo artista paulista Luis Bueno, baseada em uma fotografia do 'Rei do Futebol' abraçando e beijando o boxeador Muhammad Ali, marca os 200 anos de amizade entre os dois países e já virou ponto turístico de brasileiros e argentinos.
Na mensagem, gravada em frente à embaixada do Brasil, em Buenos Aires, Bitelli, torcedor de futebol nos dois países, disse que a final entre o Boca e o Fluminense "deve ser uma festa e não uma batalha". Bitelli disse que os "cânticos racistas ou xenófobos são passíveis de prisão no Brasil", como também já alertaram as autoridades consulares argentinas no Rio de Janeiro. O embaixador ressaltou ainda que existem diferenças culturais em relação às provocações entre as torcidas.
As imagens da repressão policial nas areias de Copacabana levaram, por sua vez, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, a afirmar: "Nada justifica uma repressão tão brutal como a que se viu em Copacabana, onde havia, inclusive, crianças". "Os torcedores do Boca não estavam fazendo nenhuma bagunça. Estavam com suas camisetas e bandeiras torcendo antes do jogo", disse Scioli à imprensa argentina e em suas redes sociais.
Na tentativa de acalmar as torcidas, o presidente do Fluminense, Mario Bittencourt, e o representante do Boca se reuniram no Rio e pediram "paz". "Um clima que possa unir os dois povos, as duas torcidas para que a gente possa estar no Maracanã amanhã fazendo uma linda festa do futebol. Nela, sairá vencedor aquele que jogar melhor, aquele que fizer uma grande partida, que tiver seus torcedores presentes. É muito importante que nós amanhã (sábado) estejamos juntos (brasileiros e argentinos)". Bittencourt ainda falou sobre a importância de se criar o clima de "festa e de alegria".
O presidente do Boca, Jorge Ameal, pediu "respeito em relação" ao torcedor do Fluminense. "Isso não é uma guerra. É um jogo de futebol. Nós gostamos muito do povo brasileiro e queremos que também gostem da gente. Mas algumas pessoas violentas querem mudar (esse sentimento) que tem uma história de vida. Queremos a felicidade de todos. A felicidade é o futebol. E aqui conversamos sobre como melhorar o espetáculo e não o contrário", disse o argentino. Logo depois das falas, os dois presidentes se abraçaram.
Na tarde desta sexta-feira, apesar das imagens de correria e violência policial, na véspera, na praia, da expectativa de se haverá ou não telão no Sambódromo para os cerca de 80 mil torcedores argentinos do Boca que chegaram no Rio e não têm ingressos para o jogo, a torcida do Boca (incluindo famílias inteiras) continuava embarcando, nesta sexta-feira, para o Rio de Janeiro.
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